Na segunda-feira, 25 de abril, aconteceu a coletiva de imprensa, realizada em Nova York, logo após a exibição do documentário "Deus abençoe Ozzy Osbourne", uma das atrações do Festival de Cinema de Tribeca.
Eduardo Graça
Direto de Nova York
"Bom Dia! Eu nem acredito que ainda estou aqui. Sou um sobrevivente. Ainda acho incrível que não tenha morrido depois da vida de excessos que tive desde os meus 22 anos. Tenho muita sorte de estar aqui com vocês hoje, de ainda tocar minha música, de ainda me apresentar mundo afora", disse Ozzy Osbourne, 62, na coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (25) em Nova York, nos Estados Unidos, depois da exibição do documentário Deus Abençoe Ozzy Osbourne, uma das atrações do Festival de Cinema de Tribeca.
O filme, de uma hora e meia de duração, foi produzido pelo filho de Ozzy, Jack Osbourne, e conta com entrevistas com a família do metaleiro, além de ex-colegas do Black Sabbath e estrelas como Paul McCartney e Tommy Lee, do Möttley Crue. "O que Ozzy e o Black Sabbath encontraram foi o Lado Negro do rock. Tudo tem seu lado escuro e eles descobriram e exploraram com muito sucesso o lado negro da força da música popular. Todos nós ficamos boquiabertos com o resultado", declara, no filme, Sir McCartney.
Deus Abençoe Ozzy Osbourne, ainda sem previsão de lançamento no Brasil, é um dos muitos documentários de estrelas do universo musical apresentados no ano em que o maior festival de cinema de Nova York completa 10 anos. Entre outros, o público pode conferir filmes sobre Miriam Makeba, A Tribe Called Quest, Kings of Leon e o grupo Septentrional, do Haiti. A abertura do evento ficou por conta da aguardado olhar de Cameron Crowe sobre a parceria de Elton John e Leon Russell, retratada com carinho no filme The Union.
De acordo com Jack Osbourne, a ideia de Deus Abençoe surgiu da necessidade de se ir além do reality show produzido pela MTV sobre a família Osbourne, um sucesso da TV americana, apresentado entre 2002 e 2005. "Queria mostrar meu pai como de fato ele é. Na época do reality show estávamos passando por um tempo conturbado na nossa família. Queria dar aos fãs de Ozzy, especialmente os mais novos, uma perspectiva histórica. Também queríamos mostrar um Ozzy diferente, sóbrio e feliz", conta o filho caçula do artista (ele tem ainda dois filhos do primeiro casamento e outras duas do segundo, com sua ex-produtora Sharon Osbourne), na coletiva.
"Pelo amor de Deus, só não me venham perguntar se eu comi morcegos de verdade. Não agüento mais esta ladainha. Quando eu morrer, vão colocar na minha lápide, tenho certeza: John 'Ozzy' Osbourne, músico, pai de família e engolidor de morcegos", brincou, na conversa com a imprensa. Devidamente paramentado, com unhas negras, anéis em formato de cruz e os cabelos longos, pintados de castanho claro, Ozzy lembrou com carinho da recente turnê, que incluiu o Brasil e terminou no início de abril. "As pessoas me perguntam o que faço nas horas de lazer. Eu desenho umas bobagens, vejo muita televisão e passeio na América do Sul quando vou fazer os meus shows por lá, meus favoritos!", conta.
Deus Abençoe começa com imagens de Ozzy no camarim, a câmera acompanhando sua caminhada até o palco do estádio do Racing, depois da apresentação do Sepultura. Imagens do concerto chileno também são registradas, sem nenhum evento que pudesse gerar reclamações da Suipa. Mas o destaque são mesmo as imagens de arquivo, incluindo apresentações do Black Sabbath e entrevistas realizadas nas décadas de 1970 e 1980.
A história mais chocante é contada por Tommy Lee. Quando fizeram uma turnê juntos, os dois gigantes do metal deram um vexame atrás do outro em hotéis de luxo nos EUA até que um belo dia Ozzy resolveu defecar no quarto e usar as fezes para "fazer arte na parede", nas palavras do líder do Mötley Crue. "Ali eu decidi que não dava para competir com ele. Para mim não há nada de mal em fazer as necessidades no banheiro mesmo. Foi muita loucura para minha cabeça", conta.
Produzido pelo filho e dirigido por amigos, o documentário é chapa-branca até o limite e termina com uma mensagem de otimismo, com Ozzy, a voz já confusa, a audição comprometida, dirigindo pelas ruas vazias de um subúrbio de Los Angeles, logo após celebrar cinco anos de sobriedade. "Não bebo, não fumo, não uso drogas. E sou orgulhoso disso. Olho para minhas fotos e dou uma gargalhada. Mas também penso: que trabalho me dava ficar tão doidão o tempo todo!", conta, para alivio da família. No auge da dependência química, ele chegou a ser intimado a depor sobre a tentativa de estrangulamento de Sharon em um acesso de loucura.
Sóbrio, mas mantendo o humor sarcástico que sempre o caracterizou, o velho Coringa do heavy metal não deixa passar uma. E, ao perceber uma jornalista com cabelo pintado de verde na platéia do teatro da Escola de Artes Visuais de Nova York, palco da coletiva, não perdeu a deixa: "Oba! Pelo menos uma aliada na plateia repleta de alemães", para gargalhada geral. Deus, certamente, segue abençoando o menino pobre da periferia de Birmingham que acumulou, com talento, inteligência e muita auto-promoção, uma das maiores fortunas do mundo do entretenimento.
O Festival de Tribeca completa apresenta até domingo outros 92 filmes inéditos, em sua maioria produções independentes e ainda sem distribuição internacional.
Fonte: Terra
0 comentários:
Postar um comentário