A matéria abaixo foi publicada em junho de 2007 no Portal Terra, mas, o seu conteúdo, continua bastante atual. Gostaríamos de aproveitar e deixar claro que estamos entrando em contato com representantes de produtoras de shows, mas não estamos conseguindo retorno.
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Por James Cimino | Sexta, 29 de junho de 2007
Os altos preços de ingressos para shows nacionais e internacionais no Brasil têm uma justificativa: algumas casas de show dobram o preço para poder compensar a meia-entrada. É o que contou ao Terra Paulo Amorim, diretor do Tom Brasil Nações Unidas, em São Paulo.
Amorim deu como exemplo recente o show de Liza Minnelli, cujos preços chegavam a R$ 600. "Quando você joga o preço do ingresso a R$ 600, na verdade quer faturar R$ 300, que é o preço verdadeiro da entrada. O câncer dessa história toda é a meia-entrada. Hoje em dia, pagam meia-entrada idosos, deficientes físicos e qualquer estudante, até quem faz MBA, que ganha em média R$ 20 mil por mês", critica Amorim.
"Eu gostaria muito de trazer uma artista como Liza Minnelli para fazer cinco dias de shows com ingressos a, no máximo, R$ 100, mas os políticos fazem caridade com o chapéu alheio."
A diretora artística da Via Funchal, Sueli Almeida, também admite que a casa aumente o preço dos ingressos. No entanto, diz que o preço alto do ingresso é devido ao alto valor dos cachês pedidos pelos artistas, principalmente os nacionais.
"Acho um absurdo alguns artistas nacionais que pedem preços abusivos de cachês (R$ 100 mil ou mais) e exigências de camarins que nem os internacionais pedem. Sem falar nas carteiras de estudante falsas. Quando contrato um show pop, 70% do meu público é de estudantes. Junte a isso as carteirinhas falsas, o faturamento cai."
Apesar de ser contra a carteira de estudante falsa, a União Nacional dos Estudantes (UNE) não endossa a atitude das casas de show em aumentar os preços dos ingressos. "Acreditamos que eles prefiram cobrar mais caro e fazer menos shows porque, mesmo que o ingresso mais caro fosse R$ 300, ainda assim é um valor alto", diz Rovilson Brito, tesoureiro da UNE.
De fato, os preços cobrados no Brasil estão bem acima da média mundial. A cantora Christina Aguilera, que está circulando pela Ásia com sua turnê Back to Basics fez uma apresentação em Tóquio, Japão, na semana passada, em que as entradas variavam entre 8.400 ienes e 9.450 ienes (de R$ 129 a R$ 146).
Isso não significa, no entanto, que não haja preços abusivos em países desenvolvidos. Barbra Streisand, que está em turnê pela Europa, teve de cancelar seu show em Roma devido aos preços exorbitantes de sua apresentação, que custaria de 150 euros (R$ 390) a 900 euros (R$ 2.336).
Regulamentação
A falsificação de carteirinhas de estudante começou em 2001. Segundo o tesoureiro da UNE, antes dessa data, apenas as entidades estudantis tinham permissão para emitir o documento, e a fiscalização era maior. Devido a problemas de ordem política entre a UNE e o governo federal, naquele ano foi editada a Medida Provisória 2208, que, entre outras coisas, autorizava a emissão de carteiras por empresas privadas.
"Defendemos a unificação da carteira de estudante. Não precisa nem ser pela UNE, mas que tenha um timbre do governo federal. Sugerimos diversas vezes aos políticos que haja uma regularização do processo de emissão, mas eles têm medo de perder votos com isso", conta Rovilson Brito, da UNE.
Paulo Amorim, do Tom Brasil, defende, ainda, que o benefício seja dado apenas a alunos da rede pública de ensino. Nesse ponto, contudo, a UNE discorda, já que grande parte dos estudantes de universidades públicas são da classe alta, enquanto os das particulares, em sua grande maioria, "principalmente após o programa Pro-Uni", são trabalhadores e de classes menos abastadas.
Tanto a UNE quanto as casas de shows concordam em um aspecto, que quem acaba pagando a conta dos shows é o público "honesto", que não falsifica carteira e que paga o preço do ingresso inteiro.
"A carteira é verdadeira"
Um jovem formado em 2006 no curso de publicidade, que não estuda atualmente, contou ao Terra que tem uma carteira de estudante graças a uma falsificação no boleto de pagamento da universidade. "A carteira é verdadeira. Falso era o boleto."
Ele não acredita que os empresários só tenham prejuízo com os shows e acha muito caro o preço cobrado nas apresentações, principalmente de artistas internacionais e, mais ainda, nos cinemas.
Seu salário é de cerca de R$ 1.500. Uma entrada inteira de cinema que custa, no final de semana, entre R$ 14 e R$ 16 significaria cerca de 1% de seu salário.
Entre março e abril, diz ele, houve dois shows que ele foi assistir, um da banda Aerosmith e outro do cantor Roger Waters, da banda Pink Floyd. "Paguei R$ 120 nos dois. Se fosse pagar a inteira, seria R$ 240. É muito caro. Agora, no show do Aerosmith, tinha 80 mil pessoas, vezes R$ 60 (valor da meia), dá quase R$ 5 milhões. Por isso não acredito que os empresários não tenham lucro", diz o rapaz.
A conta não é tão simples. De acordo com o diretor do Tom Brasil, desse resultado matemático simples que os espectadores fazem, cerca de 20% é gasto com anúncios publicitários. "O anúncio de um show, é altamente perecível, pois só serve para aquela apresentação. Lucramos, se a casa encher, 10% do custo do total de um show. Isso considerando-se o lucro bruto. O líquido não passa de 5%."
Fonte: Ingresso Justo
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