KISS – Crazy Nights
Lançado em 18 de setembro de 1987
Enquanto (Music From) The Elder e Carnival Of Souls ganharam o status de “clássico cult”, Crazy Nights permanece como uma ovelha negra e, muitas vezes, até como uma incógnita na carreira do Kiss. O tempo muda e a sonoridade também, ninguém pode viver de passado. Mas a mudança apresentada no décimo quarto álbum de estúdio da discografia, por mais que tenha sido apresentada progressivamente nos registros anteriores, pode parecer muito brusca para os ouvintes de primeira viagem.
Crazy Nights tem pouco do que consagrou a banda na década de 1970. Correto, porque os integrantes não eram os mesmos: Bruce Kulick assumiu a guitarra solo em 1984 e Eric Carr, as baquetas em 1980. Todavia, é notável que a sonoridade pra lá de Hard Rock oitentista e farofeira foi adotada durante o disco para incrementar as vendas do mesmo, visto que o antecessor Asylum vendeu pouco mais de meio milhão de cópias nos Estados Unidos – número baixo para os padrões dos ex-mascarados.
É inegável que este disco contém ótimas músicas. O problema de Crazy Nights é o contexto histórico, em vários sentidos. O baixista Gene Simmons estava dedicando mais tempo para sua carreira de produtor musical e ator do que para a banda. Além disso, a segunda metade da década de 1980 representa o auge do famigerado Hair Metal no mainstream. Isso justifica a orientação comercial das composições e até mesmo a escolha do produtor Ron Nevison, competente, porém deslocado por aqui. E aí está a principal deficiência sonora do registro: a produção.
Faixas como “My Way” e “Turn On The Night” trazem uma cama de teclados exuberante o bastante para ofuscar o peso da bateria e das guitarras. Os solos de guitarra de Bruce Kulick, por mais que estejam inspiradíssimos (aqui tem seu melhor trabalho de guitarra depois de Revenge e Carnival Of Souls ao meu ver), apresentam uma timbragem enfática nos agudos, o que torna a audição de alguns deles bem chata. O próprio direcionamento comercial se torna um problema em canções pouco inspiradas como a enjoada “Bang Bang You”.
No entanto, há grandes momentos em Crazy Nights. A própria “My Way”, apesar de muito teclado, contém uma das performances mais poderosas do vocal de Paul Stanley em quase 40 anos de KISStória. A radiofônica “Crazy Crazy Nights”, a bela balada Reason To Live, a paulada “No, No, No”, entre muitas outras que constituem a maioria do play, garantem a diversão do ouvinte. Vale deixar claro, inclusive, que o grande destaque é o Starchild: cantando e compondo muito, sua atuação se mostra inspiradíssima do começo ao fim.
A tática de vendas deu certo, pois Crazy Nights conquistou disco de platina nos Estados Unidos e Canadá, além de emplacar singles pelo mundo afora. Vale a pena conferir esse registro e descobrir que trata-se de um grande álbum, prejudicado pelo já explicado “contexto histórico”.
Paul Stanley (vocal em 1, 2, 3, 6, 7, 8 e 10, guitarra)
Gene Simmons (vocal em 4, 5, 9 e 11, baixo)
Bruce Kulick (guitarra)
Eric Carr (bateria)
Músicos adicionais:
Phil Ashley (teclados)
Tom Kelly (backing vocals)
01. Crazy Crazy Nights
02. I’ll Fight Hell To Hold You
03. Bang Bang You
04. No, No, No
05. Hell Or High Water
06. My Way
07. When Your Walls Come Down
08. Reason To Live
09. Good Girl Gone Bad
10. Turn On The Night
11. Thief In The Night
Fonte: Van do Halen
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