Fonte: Toronto Sun
O site do jornal “Toronto Sun” conduziu uma entrevista com Lemmy Kilmister, que está no Canadá para uma série de seis shows que fazem parte da nova turnê mundial do Motorhead, que passa pelo Brasil em abril.
Dentre vários assuntos, Lemmy falou do estilo do Motorhead, do documentário sobre ele que acabou de sair e das coisas que passam por sua cabeça quando está em cima de um palco.
Confira a entrevista na íntegra, em português, com exclusividade no IMPRENSA ROCKER!
Pergunta: Quem seria o vencedor numa briga entre Lemmy e Deus? Resposta: Esta é uma pergunta difícil, Lemmy É Deus!
A piada é velha, eu sei. Mas para gerações de bangers é uma verdade religiosa.
E justa. Certamente, ninguém acha que o baixista e vocalista do Motorhead, Ian (Lemmy) Kilmister – um impenitente demônio da velocidade, viciado em máquinas de caça-níqueis e amante confesso de todas as mulheres – é um candidato à canonização. Mas olhe através de suas verrugas, e você irá perceber algumas suspeitas qualidades divinas:
*Ele é imortal – ou quase isso. Apesar de uma vida de excessos e uma década de diabetes, o rocker de 65 anos diz que tem “o fígado de um recém nascido” (só não pergunte onde ele o encontrou).
*Ele é infalível – ou consistente, de qualquer forma. “The Worls is Yours”, seu 21º álbum de estúdio em 35 anos, traz aquele Metal power trio cheio de riffs estilosos como explosões de trovões, cortesia do guitarrista Phil Campbell e do baterista Mikkey Dee. Na frente e no centro, você sempre encontrará Lemmy batendo em seu baixo e pregando para o coro, falando sobre morte, Rock, hipocrisia e ganância em seu grosseiro uivo em “Ace of Spades”.
*Ele está em todos os lugares. Junto com o álbum, e acompanhando a turnê mundial que chega ao Canadá neste mês, ele também estrela o novo documentário “Lemmy: 49% Mother Fucker. 51% Son of a Bitch”. Com lançamento do DVD marcado para março, o trabalho rudemente revelador o segue do palco ao estúdio, até seu surpreendentemente humilde apartamento em Hollywood cheio de souvenires de guerra e armas.
*Ele é um homem do povo. Em meio a uma agenda repleta de entrevistas, o rocker arranjou tempo antes da passagem de som em San Diego para discutir as glórias do ABBA, apostar tudo e se deixou o gás ligado.
Parabéns pelos 65 anos. Você ficou surpreso como todo mundo?
Yeah, provavelmente. Mas eu não tinha planos de morrer só para satisfazer as expectativas de todo mundo.
Você irá se aproveitar dos descontos para idosos?
Não, eu estou gastando mais. Eu estava em Las Vegas no meu aniversário. Estou tentando me livrar (do dinheiro) antes de ir. Não vou pagar imposto sucessório (Nota do Tradutor: É um imposto sobre a propriedade, ou o valor total do dinheiro e da propriedade de uma pessoa que morreu). Vou morrer falido.
Na nova canção “Get Back in Line”, você diz que “hoje em dia a maioria das coisas são uma droga”. Quando foram os bons tempos para você?
A era dos Beatles. Mas houveram vários bons velhos tempos. Hoje em dia tudo parece muito disciplinado – tantas regras e restrições. Você não pode nem cagar sem ter alguém te acusando de algo. É realmente estranho que as pessoas se deixem ser colocadas neste curral. A América foi construída pela revolução. Que merda aconteceu com aquele espírito? Ele se foi.
Se você estivesse no comando, qual a primeira coisa que faria?
Saquear todo mundo e começar tudo de novo. Tomaria o dinheiro das grandes corporações e entregaria para as pessoas. Ter tudo nas mãos de 10 pessoas não é bom.
Qual o segredo para escrever uma canção do Motorhead?
Você só precisa de um verso que sirva de gancho. Você pode cantar sobre a lua em junho, se tem um bom gancho. O melhor exemplo é o ABBA. Eles podem não ser seu tipo de banda, mas você vai se pegar cantando as canções deles. Você não consegue tirá-las da cabeça uma vez que as escuta.
Algumas pessoas reclamam que seus álbuns soam todos iguais.
Bom, é a mesma banda, não é? Ele soaria meio que igual. Nós fazemos umas mudanças ocasionalmente – nós colocamos um monte de baladas nos nossos álbuns -, mas as pessoas não as percebem. É estranho.
Você está feliz com o documentário? Há alguma coisa que você desejasse não ter sido mostrado?
Não, é a verdade. Não me importo com a verdade. Todos estaríamos melhores com um pouco mais de verdade.
Como você se relaciona com seus vizinhos?
Muito bem. Tenho uma ótima vizinha. Ele tem 74 anos e costumava dançar numa gaiola no Whisky (N.T.: Lemmy se refere ao antológico clube Whisky a Go Go, em Los Angeles, por onde passaram grandes nomes do Rock). Mas fico fora por sete meses no ano.
Você se sente mais em casa na estrada?
Sempre me senti. Casa é onde você deixa suas coisas. No ônibus, onde estou agora, é onde eu realmente moro.
Quanto ainda resta da sua audição?
Bem, eu consigo escutar você me perguntando sobre isso, não é?
O que você pensa enquanto está cantando “Ace of Spades” pela bilionésima vez?
Todo tipo de coisa. Você não iria acreditar nas merdas que vêm à sua cabeça – “será que eu desliguei o gás?”, e coisas do tipo.
Você deve ter tido chances de ganhar grana sendo Lemmy. Você nunca ficou tentado?
Não. Eu não sou idiota. Eu valorizo minha integridade. Há alguns limites que você não pode ultrapassar. Algumas pessoas disseram que eu deveria fazer um reality show. Que porra você vai fazer com isso? Eu moro sozinho. Você vai me filmar jogando vídeo games por uma hora?
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