Comandante do Metal
Por Renato Viliegas | Fotos: Luiz Maximiano
Ao passar pelo Brasil em turnê com o Iron Maiden, o vocalista Bruce Dickinson – Um piloto de avião certificado – foi conhecer as raridades do museu TAM, o maior museu aeronáutico do mundo mantido por uma companhia aérea.
O Iron Maiden é, indiscutivelmente, um dos maiores nomes do heavy metal mundial, arrastando multidões a seus shows há quase três décadas – um fenômeno observado nas mais recentes apresentações do grupo no Brasil, no fim de março. Quando uma banda assim sai em turnê, tudo é planejado até os mínimos detalhes. Os dias de folga são raros, e a agenda dos músicos e da equipe é praticamente cronometrada todos os dias.
Mas uma paixão é sempre uma paixão, difícil de ser domada. E o vocalista Bruce Dickinson tem uma, das grandes: a aviação. Mesmo com a banda no Rio de Janeiro, onde se apresentaria à noite, Bruce – que além de cantor, também é piloto – deu um jeito de ir a bordo de um jato da TAM Aviação Executiva, até São Carlos, no interior de São Paulo, para ver de perto algo que ele havia ouvido falar, mas nunca teve a oportunidade de conhecer: o Museu TAM. “Eu tenho um amigo brasileiro que é comandante da TAM e ele sempre me fala deste lugar. Eu tentei vir antes, mas não foi possível”, disse Dickinson, depois de um passeio que ele descreveu como “espetacular”.
O cantor foi recebido pelo presidente do Museu, João Amaro, e o vice-presidente do conselho de Administração da TAM, Maurício Amaro. Os dois acompanharam Bruce por toda a visita, sempre indicando curiosidades de cada aeronave. “Uau”, repetia sem parar o piloto roqueiro, visivelmente impressionado com os modelos em exibição.
“Eu já estive em outros locais com essa proposta, mas nada como aqui. A coleção, o estado de conservação dos aviões, é tudo impressionante”, afirma Bruce, que disse ter ficado particularmente impressionado com a variedade do acervo. “Geralmente museus assim possuem apenas aviões militares ou coisas do tipo. Aqui não, há caças, réplicas, aviões comerciais, de tudo um pouco”, conta Bruce, feliz como uma criança em um parque de diversões. O protocolo foi esquecido logo no início do passeio e, incentivado pelos anfitriões, Bruce entrou e mexeu em diversas aeronaves, o que é normalmente proibido em visitas a museus.
A paixão de Bruce pelos céus é de família. Quando criança, o vocalista tinha parentes na aeronáutica britânica e, com a convivência, foi pegando gosto pelos aviões. Ais poucos essa vontade de voar foi se tornando maior e o que a princípio era uma brincadeira – Bruce começou a fazer cursos de pilotagem na Flórida, no início dos anos 90, e a dirigir pequenas aeronaves para se distrair – logo se tornou uma carreira alternativa.
Dickinson é hoje comandante da companhia aérea britânica Astraeus, da qual também é diretor de marketing. Quando não está nos palcos, Bruce pilota regularmente os aviões da empresa e chegou até mesmo a fazer um vôo de resgate de cidadãos ingleses no Líbano, em 2006, quando a região estava em conflito com Israel.
O vocalista também leva sua banda pelo mundo em um Boeing 757 especialmente modificado para carregar o equipamento de palco do Iron Maiden. “Assim consigo ter dois trabalhos que adoro ao mesmo tempo”, brinca o vocalista. “Mas assim que a turnê terminar, eu volto para minhas rotas normais, com passageiros regulares. Faço cerca de 600 horas de vôo por ano em rotas comerciais”, explica o Comandante Dickinson. Perguntado sobre qual dos dois empregos ele prefere, Bruce responde rápido: “Existem muitos excelentes pilotos no mundo, mas só uma pessoa pode ser o vocalista do Iron Maiden”, brinca.
Em sua visita ao Museu TAM, ficou claro o amor de Bruce Dickinson pela aviação. Além de piloto, Bruce se mostrou um profundo conhecedor da mecânica aeronáutica e de detalhes sobre o funcionamento de uma série de aviões diferentes. Ao ver a turbina aberta de um Boeing, o vocalista ficou um bom tempo mostrando a seus parceiros como tudo funcionava, apontando para as peças e dando uma verdadeira aula de mecânica. “Acho que passei tempo demais da minha vida lendo livros sobre aviões”, brinca o vocalista.
Apesar de ter adorado tudo o que viu, Bruce não teve problemas em escolher seu avião favorito no acervo. “Tem um Spitfire aqui!”, vibra. “Se tivesse que escolher apenas um, teria de ser este. O Spitfire é um avião que guardo bem próximo de meu coração”, diz, com um sorriso dos mais sinceros no rosto.
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