quarta-feira, 2 de março de 2011

Ex vocalista do Nightwish fala sobre o passado, carreira solo, e do que esperar para o show em Brasília.


por Penny Lane
18 de fevereiro, 2011

Aos 33 anos a cantora Tarja Turunen é considerada a musa do metal melódico. Cantora mais popular de seu país, a Finlândia, a mulher de olhos azuis hipnotizantes não reconhece fronteiras. 

A formação clássica lapidou a voz da soprano lírico-spinto com amplitude de três oitavas, considerada a mais preciosa voz feminina do heavy metal mundial. Aos seis anos de idade, a única filha entre três irmãos já encantava os moradores da pequena Puhos, cidadezinha da região de Kitee, na Finlândia. 

Foi fundadora em 1996 da banda Nightwish, onde iniciou uma carreira meteórica até ser demitida em nota aberta à imprensa em 2005. Após meses de sofrimento, Tarja deu a volta por cima e começou uma carreira solo de notável sucesso em todo o mundo.

Em entrevista exclusiva para o site Rock Brasília, Tarja Turunen fala um pouco de sua trajetória no mundo da música e do que esperar para o show que fará em Brasília em março. 

Você começou sua carreira na música clássica. Como foi a transição entre a música clássica e o heavy metal?

Levei vários anos até aprender a usar minha entonação clássica dentro do rock. Só depois de algumas turnês e centenas de shows foi que comecei a me sentir mais confortável com a minha voz. Até as gravações de voz no estúdio foram difíceis no começo. Depois me dei conta que a prática do canto clássico me ajudou muito a conquistar um jeito saudável de cantar, mesmo cantando rock. Eu sabia que fazer qualquer coisa errada poderia prejudicar minha voz, então quis continuar tendo aulas de canto, o que até hoje eu faço. Meus estudos de música clássica não terminaram porque entrei para o Nightwish e comecei a cantar metal. Continuei meu estudo clássico por vários anos depois disso.

Quais cuidados você tem com a sua voz?

Eu treino e ensaio diariamente. Também preciso manter uma condição física satisfatória, o que significa correr e nadar ou fazer yoga diariamente. Conheço meu corpo melhor que ninguém, porque cantar me fez ficar muito sensível às pequenas mudanças. Se for ficar gripada, por exemplo, posso sentir que vou ficar doente uma semana antes. Preciso me alimentar bem diariamente, beber muita água, dormir o suficiente todas as noites. Para ser uma cantora clássica você precisa considerar muitas coisas que geralmente as pessoas nem sequer pensam ou realmente não precisam pensar. Cantar é o meu estilo de vida. Precisei sacrificar algumas coisas para ter a voz que tenho, mas não me arrependo. 

Que tipo de música você ouve quando está em casa? 

Vários tipos: trilhas sonoras de filmes, música clássica, música tranquila para relaxar. Rock e metal escuto enquanto dirijo e quando preciso ganhar energia. 

Como surgiu a ideia de fazer um cover da música “Poison” do Alice Cooper?

Eu gravei essa música para o meu primeiro álbum solo. Mesmo sem nunca ter sido grande fã de Alice Cooper ouço suas músicas desde a adolescência. Pensei que seria divertido fazer minha própria versão dessa música lendária. Tive a ideia de colocar um solo de violoncelo na música, mesmo porque esse instrumento esteve muito presente no meu primeiro disco. A música ficou radicalmente diferente, mas é só o jeito que me sinto quando faço cover de alguém. Quero respeitar o original mas torná-lo no meu jeito. 

Você começou a compor músicas no disco “What lies beneath”. Como é o processo para você? É algo que surge com facilidade?

Escrevi em conjunto com muitos compositores profissionais e acabei também escrevendo uma música inteira sozinha no meu primeiro disco “My Winter Storm”. Depois dessa experiência completamente nova pra mim, as pessoas ao meu redor me convenceram de que eu podia escrever sozinha. Agora no meu segundo disco me envolvi no processo de composição desde o rascunho e o disco ficou muito pessoal por causa disso. Todas as músicas são minhas “filhas” de um jeito ou de outro. 

Compús com piano, que eu considero o meu instrumento. Primeiro tenho que ter uma boa ideia, depois desenvolvo juntamente com um plano lírico forte. Escrever músicas é uma tarefa desafiadora para mim e requer, de preferência, lugares tranqüilos. 

Depois de gravar “Christmas” já pensou em gravar algúm disco clássico? 

Estou planejando um disco puramente clássico para este ano. Em breve farei uma reunião com meu grupo, mas a ideia é gravar um disco no final de 2011. Alguns concertos clássicos desafiadores para mim acontecerão este ano, dentre eles um com o tenor Jose Cura no festival de Opera na Finlândia. 

Você convidou o Kiko Loureiro (Angra) para gravar o disco com você. Significa que quer manter o metal vivo no disco?

Escolhi os músicos com quem trabalho por diferentes razões. O talento, a experiência, a personalidade, a habilidade. Se você olhar pra minha banda hoje, vai ver que existem músicos com diferentes experiências no mundo musical. Do pop, metal, rock, classic, etc. Minha música hoje é o que se houve nos discos, representa meu amor pela música. Hoje eu me sinto muito livre. Tenho liberdade de escolher as pessoas com quem quero trabalhar, livre para compor música que me toca, livre para ser eu mesma. Não preciso manter o heavy metal vivo nas minhas músicas só porque escolhi as pessoas com quem trabalho ou pelo fato de que as outras pessoas esperam que eu continue fazendo metal. Escolho as pessoas que gosto para trabalhar comigo e heavy metal é parte do meu gosto musical e paixão até hoje. Se você ler direito vai ver que é parte de tudo isso. Se você escutar meu disco, vai entender que não faço apenas metal, minha música abrange uma larga escala de elementos. É inspirada pelo rock, música clássica e heavy metal. 

Vamos falar sobre o Nightwish. Você foi “despedida” da banda de uma forma muito ruim. Entretanto, agora você parecer mais feliz. Você guarda algum rancor da banda? Como foi essa experiência para você?

Acredito que quando algo ruim acaba é porque algo bom vai nascer. É exatamente o que aconteceu comigo. Eu não guardo nenhum rancor dos integrantes da banda porque simplesmente não vejo necessidade pra isso. Espero que estejam felizes entre eles da mesma forma que sou muito feliz sozinha. Honestamente não quero nem de pensar na minha saída da banda, porque foi um momento horrível, levei um tempo para me recuperar de toda a tristeza ao meu redor. É muito mais saudável para mim levantar a cabeça para um futuro melhor do que se olhar para atrás. 

Quais são suas expectativas para o show em Brasília? 

Estive em Brasília uma vez com minha banda e me lembro de algumas coisas da cidade. Lembro que fiquei deslumbrada com suas formas. Não tem muito em comum com as outras cidades brasileiras, é bem moderna. Visitei a embaixada da Finlândia, nadei sozinha na piscina no meio da noite, PELADA! Foi ótimo ver as estrelas…e torcer pra que ninguém me descobrisse lá! (risos). Ainda bem que não descobriram! Os fãs foram maravilhosos durante todos shows que fiz no Brasil. 

E o que nós podemos esperar para o seu show?

Tenho certeza que terei uma explosão de felicidade com meus fãs de Brasília!!! O show trará músicas dos dois discos, principalmente do mais novo What Lies Beneath. Obviamente tocaremos algumas do Nightwish também e talvez aconteçam algumas surpresas. A música é emoção, e assim será o meu show. Será uma apresentação para aqueles que amam a beleza mas também amam escutar um bom rock com os amigos. Tenho certeza que será muito divertido. Mal posso esperar para vê-los no show! Muito obrigada pelo carinho de vocês!

Fonte: ROCK BRASÍLIA

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