O primeiro álbum solo da Tarja, "My Winter Storm", está completo. Agora o estilo dela está centrado nas orquestrações e tende a ser como trilha sonoras mas com adições de elementos do rock. Tarja foi a Madrid para promover o álbum e ela não teve nenhum problema para falar sobre a saída do Nighwish, como ela se sentiu, como ela se sente dois anos depois e, claro, como ela preparou o novo álbum. Ela conversou sobre a iniciação na música, estudos e outros temas.
Tarja Turunen: Eu tinha seis anos quando meus pais perceberam que eu gostava de música e eu cantava a todo momento. Nessa idade eu comecei a ter aulas de piano e, desde então, aprendia e praticava com música clássica.
Tarja Turunen: Quando eu tinha 9 ou 10 anos comecei a estudar história da música e teoria, estudos que foram completados na Escola de Música; e durante esse tempo meus pais me levavam à cidade cinco vezes por semana para continuar os estudos musicais depois da escola. Eu tinha todo tipo de aula: coro, banjo, flauta, piano... música era minha vida (risos). Depois disso, quando eu tinha quinze, eu estava livre e entrei para a Escola de Música. Eu podia fazê-la porque nos anos anteriores durante o verão eu costumava trabalhar para pagar meus estudos e, além disso, eu não ia para longe de casa, então podia ver meus pais algumas vezes por semana. Nesse momento, eu percebi que precisava ir para a Universidade ou Colégio de Música se eu quisese fazer da música minha vida.
Tendo estudado tantas coisas, por que você decidiu estudar canto?
Tarja Turunen: No começo tudo era clássico e, na minha adolescência, eu fiz muitas coisas no coro da igreja. Naqueles tempos eu me interessava no estilo da música sacra. Depois disso, com minha formação vocal, comecei a cantar muitos estilos e em várias bandas do colégio. Um dia eu acordei e tinha perdido minha voz. Eu não podia cantar mais, então pensei: "Qual o problema? O que estou fazendo errado?" Então decidi estudar canto clássico e técnicas vocais.
Cantar Heavy é mais difícil do que Clássico para você? Você precisou de uma técina para desenvolver sua voz?
Tarja Turunen: Nos álbuns do Nightwish e no meu novo álbum há muitas diferenças entre cantores normais e eu devido às técnicas que uso, porque eu sempre uso canto lírico e suas técnicas que venho estudando por tanto tempo. Por causa disso, eu posso cantar durante horas sem problemas vocálicos em comparação com outros cantores normais. Existem muitas diferenças entre usar técnicas vocais e simplesmente usar sua garganta.
Tarja Turunen: Eu continuo estudando canto e tomando aulas e ainda tenho um professor de canto em Buenos Aires onde eu sempre vou quando estou lá. É muito importante para mim. Eu adoro música clássica, mas não é tudo que eu quero fazer dentro da música.
Tarja Turunen: O Nightwish apareceu na minha vida quando eu tinha 19. Eu tinha acabado de entrar na Universidade há apenas 6 meses e, naquele tempo, minha voz tinha mudado completamente. Eu sempre cantei com minha voz normal e aprendi técnicas vocais na Universidade, então minha voz mudou bastante. Foi uma grande surpresa para Tuomas e Hempo que tinham um projeto acústico quando me propuseram gravar a primeira demo e, quando cheguei no estúdio, eu cantei de maneira lírica. Eles disseram "o que é isso? Você nunca cantou assim antes".
Tarja Turunen: Nós apenas nos conhecemos por causa das aulas que íamos, mas eles sabiam que eu cantava e eles me perguntaram se eu podia ajudar com aquela demo, que não era Heavy Metal, mas sim um projeto acústico. Eles me perguntaram se eu queria tentar no estúdio.
Você ficou surpresa com o sucesso do Nightwish com você, alcançando o máximo e no melhor momento se quebrando? Foram-se dois anos desde que você saiu. Como você se sente sobre a maneira de ter saído com aquela carta?
Tarja Turunen: Eu me senti muito mal e ainda me sinto. Eu preferiria que não tivesse sido daquele jeito e que eles tivessem falado comigo sobre isso, mas não aconteceu e foi decisão deles. Eu não tive nenhuma chance de tentar algo diferente. De repente eles me colocaram entre dois mundos e eu ainda me sinto mal com isso, foi tão triste. Quando olho pra trás e penso sobre os anos de Nightwish é impressionante, como sua música sempre tão bonita e poderosa. Como algo mágico. Era impressionante que funcionasse e nunca havia dúvida alguma sobre a direção musical da banda. Essas são lembranças que eu guardo no meu coração de todos os anos. Não importa o que aconteceu, o fato de ter tido todos aqueles anos foi algo maravilhoso.
Tarja Turunen: É por isso que eu quero que meu álbum tenha algo disso, não é um álbum de Metal, mas há algumas músicas pesadas. Mas o álbum não é apenas metal, há vários estilos nele. Às vezes eu canto lírico, às vezes não. Eu quero que meu álbum seja algo entre as duas coisas.
Você encontrou com eles desde então? Você conhece Annette (Blyckert) Olzon?
Tarja Turunen: Não, não nos encontramos. Ouvi duas músicas na rádio quando estava na Finlância e uma delas era "Amaranth". Eu não deveria ser a pessoa a dar opiniões.
Você acha que foi difícil para eles acharem outra vocalista?
Tarja Turunen: Eu realmente espero o melhor para ela e o mesmo para o resto de músicos na banda. Eles já lançaram o álbum novo e muitas pessoas perguntam minha opinião sobre o álbum ou Anette e eu acho que não sou a pessoa correta para expressar uma opinião pública. Eu não vejo motivo para fazê-lo.
O que você aprendeu nesse tempo todo?
Tarja Turunen: Muitas coisas. O Metal veio para minha vida com Nightwish. Antes disso eu sequer ouvia metal e, desde então, eu me interessei por outras bandas. É surpreendente porque eu não conhecia nada de metal e depois de nove anos cantando na banda, fazendo turnês e estando em todos os lugares do mundo, dando cara à banda, minha paixão e minha voz, o metal está em minha vida, às vezes parece que depois desses dois anos nada aconteceu e tudo está lá.
Tarja Turunen: Aprendi muitas coisas através do metal e seus fãs, e eu cresci como uma mulher. Eu tinha 19 e agora, 30.
Você gravou um cover para "Poison" do Alice Cooper no seu álbum, por que?
Tarja Turunen: Achei que seria divertido. Conheço a música do Alice Cooper e outras bandas como Whitesnake, Guns'n'Roses... Mas "Poison" do Alice Cooper é minha favorita. Eu me lembro de dirigir na Finlândia numa longa viagem. Eu ouvi essa música cinco vezes numa estação de rádio durante a viagem. Então pensei "Por que eles colocam tantas vezes esse clássico numa estação de rádio?" e "Como soaria se eu fizesse um cover dessa música?" Então cheguei em casa e olhei na internet se alguma garota já tinha cantado-a. Eu não me lembro o nome, mas tinha uma banda de garotas que já tinha feito e elas se saíram bem. Apesar disso, eu queria fazer o cover e eu tinha uma clara visão de como eu queria a música, distante do som dos anos 80 e como ela iria encaixar-se no meu álbum, porque é muito diferente das outras músicas. Eu acho que funcionou bem, foi bem divertido.
O que nós vemos no seu álbum é que você está interessada em trilhas sonoras? Por que essa mudança?
Tarja Turunen: Eu fui fã de trilhas sonoras de filmes por muitos anos e eu tenho uma grande coleção em casa. Normalmente eu escuto-as quando preciso relaxar ou mesmo para dormir. Outro aspecto importante é que eu também adoro filmes e vou muito ao cinema. Eu sempre pensei "Qual o segredo de todos esses compositores de filme que podem introduzir todos os instrumentos e soar tão bem?" Eu procurei na minha coleção e percebi que sempre são as mesmas pessoas por trás, então disse à minha compania, Universal, se haveria uma chance de trabalhar com alguns deles no meu álbum. Hans Zimmer me prometeu a chance de viajar para o estúdio dele, trabalhar com o pessoal dele e mixar o disco em Los Angeles. Trabalhar com eles foi fantástico.
Você teve grandes músicos para gravar o álbum, no entanto você tem músicos diferentes para as apresentações. Por que?
Tarja Turunen: O guitarrista (Alex Scholpp) e o baixista (Doug Wimbish) são os mesmo que gravaram o álbum, o baterista irá fazer turnê com outra banda. Falamos sobre isso na Irlanda e ele me disse que gostaria de ir conosco mas agora era impossível. Eu conheço Mike Terrana há muitos anos e quando eu o vejo, ele sempre me diz que precisamos nos encontrar para fazer algo.
Ele vai ter tempo entre Axel Rudi Pell, Masterplan, Empire, suas gravações...
Tarja Turunen: (risos) É verdade que ele está em várias bandas, mas é um excelente músico. Ele sempre me pergunta se preciso de um baterista, ele não se importa com o estilo, eu posso contar com ele. Agora tenho a chance, estou bem feliz.
Como você irá dividir as músicas nas suas apresentações?
Tarja Turunen: Esse álbum será difícil de se reproduzir numa apresentação, então vamos arrumar algumas coisas entre os membros da banda. Precisaremos achar um momento para que possamos nos encontrar e ver o que mudaremos, o que manteremos, e começarmos a ensaiar. A banda está formada com Mike na bateria, Alex na guitarra, Doug no baixo e tem uma garota, María, que já trabalhou comigo, é finlandesa, e irá tocar teclado.
Tarja Turunen: Sobre as músicas que iremos tocar, nós tocaremos quase todas do disco, além de algumas do Nightwish. Talvez incluiremos alguma que preparei para outros projetos.
O que vocês espera atingir com esse álbum?
Tarja Turunen: Eu não sei o que pode acontecer e eu não gostaria de saber. É o começo de algo novo e dou passos curtos. Preciso ver o que irá acontecer com minha música e comigo. Preciso ver se as pessoas gostam da minha música, que tem algumas músicas diferentes e outras similares às do tempo de Nightwish. Talvez as pessoas precisarão de mais tempo para entender o que quero transmitir com minhas músicas e emoções. Eu gostaria de ir para a Espanha e tocar minhas músicas numa apresentação, mas acho que isso será bem difícil. Talvez quando eu começar a turnê mundial em março ou abril.
Obrigado e parabéns por sua carreira. Boa sorte com seu novo projeto.
Tarja Turunen: Muito obrigada.
Fonte desta matéria (em inglês): Metal Symphony
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