sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Estadão: Ingressos, o valor dos fatos!

O caderno Divirta-se e o blog Combate Rock ambos do jornal O Estado de S. Paulo, publicaram recentemente uma série de matérias de autoria das jornalistas Carol Pascoal e Marina Vaz sobre os altos valores cobrados por ingressos para os shows internacionais realizados recentemente no Brasil.

Representantes das principais produtoras de shows do país explicam por que cobram tão caro. O Procon, uma advogada e as jornalistas comentam as respostas.

Confira também gráficos comparando preços dos principais shows de 2010 e os valores cobrados para os shows que acontecem em 2011. Compare preços de eventos no Brasil e em outros países. Os ingressos são mais caros aqui?

Leia, compare e reflita...  estamos pagando um preço justo pelos ingressos para os shows do Iron Maiden na The Final Frontier World Tour?

ALEXANDRE FARIA - TIME 4FUN
DIRETOR ARTÍSTICO

A venda de ingressos ‘paga’ o show?
Depende do artista. As receitas são a venda de tíquetes mais a venda de patrocínio.

Por que os shows são mais caros em São Paulo?
O impacto da meia-entrada é grande e a carga tributária também eleva os valores.

Você não acha os ingressos caros demais?
Não. Pode ser que um ou outro tenha sido, mas, se analisarmos nosso portfólio, eles tiveram uma procura compatível com a capacidade de cada local.

Os festivais não são uma saída?
Grandes artistas, como U2, Bon Jovi e Rush, fazem shows customizados, não vão fazer parte de um festival. Só os artistas médios.

E quanto à taxa de conveniência?
Ela é opcional. A pessoa pode comprar na bilheteria oficial, sem taxa. Paga quem quer.

Por que a cobrança é porcentual, se a ‘conveniência’ é a mesma para todos?
Um valor fixo ficaria muito caro para ingressos mais baratos. E muito barato para ingressos mais caros… É. Haveria um desequilíbrio. Há também a taxa de retirada na bilheteria. Volto a repetir: basta comprar direto lá.

JOÃO PAULO FONSECA - MONDO ENTRETENIMENTO
DIRETOR

Quanto do custo de um show é suprido pela venda de ingressos?
80%. O restante é patrocínio.

O que determina o preço do ingresso?
O valor da produção e o potencial de venda de meia-entrada. Tem o patrocínio também, mas é sempre um risco, porque primeiro a gente fecha com o artista.

Como a Mondo se posiciona em relação à meia-entrada?
A gente respeita a lei municipal que propõe uma cota de 30% dos ingressos, mas, dependendo do fluxo, pode ser maior.

Você acha os ingressos caros?
Acho. Mas tem que ser caro, por causa dos riscos altos dessas operações.

Como os festivais reúnem tantos shows por preços menores?
O Planeta Terra tem nossa curadoria, mas é um produto do portal Terra. Os investimentos feitos por eles subsidiam os valores de ingressos.

Por que a cobrança da taxa de conveniência é proporcional ao valor do ingresso se o serviço é o mesmo para todos?
O serviço é terceirizado, mas a gente negocia o melhor para o consumidor. A taxa é respeitada pelas principais empresas do mercado.

TAXA DE CONVENIÊNCIA E TAXA DE RECEBIMENTO
A taxa de conveniência é um valor adicionado aos ingressos comprados por telefone ou pela internet. As empresas cobram, em média, 20% a mais por esse serviço. A taxa de entrega a domicílio é cobrada à parte. Sobre a Taxa de Recebimento a advogada Ellen Gonçalves afirma que: “Se o consumidor teve de se deslocar para retirar o bilhete, eu entendo que a taxa de entrega, neste caso, é infundada e afronta o Código de Defesa do Consumidor”.

A advogada Ellen Gonçalves, que interpretou, a pedido do Divirta-se, a lei sobre a cota de meia-entrada, afirma que hoje a lei é considerada "inconstitucional e não está vigendo". "Existe um projeto em trâmite no Senado Federal para regulamentar o tema e nele há a previsão de porcentual máximo, mas é apenas um projeto", completa.

Já o Procon afirma que a cota de 30% se aplica exclusivamente a estudantes de ensino técnico ou escolas de inglês, que têm direito ao benefício pela lei municipal. "Para os estudantes de ensino fundamental, médio e superior não pode haver cotas", diz Renan Ferraciolli, assistente de direção do Procon-SP.

"A taxa de conveniência não pode ser cobrada em termos porcentuais, já que a conveniência é a mesma", diz Renan Ferraciolli, assistente de direção do Procon-SP.

Em outra matéria publicada pelo Jornal O Estado de S. Paulo as jornalistas calcularam o quanto uma pessoa teria gastado se tivesse ido a todos os grandes shows internacionais do ano. E os números são assustadores!


O ingresso só lhe dá o direito de entrar no local do espetáculo. Um show custa mais do que isso. Relacionamos o preço médio de outros itens que costumam fazer parte do programa















Ver o U2 em São Paulo, em abril, no melhor lugar, custa quase o mesmo que ver a banda em Buenos Aires(incluindo os gastos da viagem). A diferença é pouco mais de R$ 100 (e um dia livre para passear)









Em 2008, quando Ozzy Osbourne tocou em São Paulo, no Palestra Itália, acreditava-se que aquela seria a sua última turnê. Não foi. Em 2011, Ozzy volta à cidade, na Arena Anhembi, com um aumento expressivo no preço dos ingressos. "O show anterior foi para 40 mil pessoas. Agora, serão 25 mil. O público vai ver o artista mais de perto e deve ser sua última turnê", explica Alexandre Faria, diretor artístico da T4F. Será?

A inflação de abril de 2008 até hoje, pelo índice IGP-M (FGV), foi de 14,88%. Já a ‘inflação’ dos ingressos do show de Ozzy, no mesmo período, foi de 100%.

Os ingressos são mais caros no Brasil? O Aerosmith começou a sua turnê na América do Sul. Em maio de 2010, passou por São Paulo e seguiu para outros países. Confira os valores dos ingressos...




























O Metallica foi a primeira grande atração de 2010 em São Paulo. Para assistir à apresentação no Morumbi, os fãs tiveram de pagar entre R$ 150 e R$ 500. Mas eles terão a oportunidade de assistir ao show novamente por R$ 190, em 2011, no Rock in Rio - que, acredite, será no Rio de Janeiro (e não em Madri ou Lisboa, como nos últimos anos). Os festivais ganharam força ao combinar atrações de peso com ingressos mais acessíveis.

"Os festivais têm mais facilidade para captar patrocínio - não dependem de venda de bilheteria. Isso viabiliza valores de ingressos mais baixos."
(MARCOS BOFFA - Produtor Cultural)
Como se defender? Para o consumidor que se sentir lesado, a advogada Ellen Gonçalves indica as seguintes etapas:

1. Primeiro, você deve procurar a própria empresa por meio do SAC.
2. Se a empresa não solucionar o problema, entre em contato com o Procon (pelo telefone 151).
3. Se o auxílio do Procon não resolver o caso, procure um Juizado Especial Cível, especializado em atender casos de menor complexidade, sem custo nenhum.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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