O excelente Kairos, lançado em 2011, mostrou que o Sepultura ainda tinha muito a dizer. Um trabalho conciso, que restaurou a fé de muitos fãs na maior banda brasileira de todos os tempos, também serviu para reafirmar o poder da fase atual, sem os irmãos Cavalera. Dois anos mais tarde, com uma mudança na formação, o grupo retorna com outro petardo sonoro. The Mediator Between Head And Hands Must Be The Heart – título inspirado em Metropolis, filme de Fritz Lang lançado em 1927 – não deixa a peteca cair e reestabelece o grupo como referência em sua proposta.
De cara é preciso ressaltar que se trata de um dos discos mais extremos da banda, com passagens brutais e técnicas que surpreendem desde a abertura. Os berros desesperados e cheios de efeito do vocalista Derrick Green em “Trauma Of War” são de arrepiar. A continuação com “The Vatican” mantém o caldeirão em processo de ebulição, com guitarras cortantes como serras elétricas. O videoclipe registrado para a faixa casa perfeitamente com sua proposta crítica. “Impending Doom” e “Manipulation Of Tragedy” lembram a abordagem do já citado álbum anterior.
Em “Tsunami”, destaque para as alternâncias vocais, ocupando cada espaço da interpretação. A carta de apresentação do baterista Eloy Casagrande – em estúdio, pois ao vivo todos já atestaram sua competência acima da média – aparece em “The Bliss Of Ignorants”, faixa conduzida com groove indefectível. A dark “Grief” é conduzida em sua primeira parte por uma guitarra suave e vozes limpas, evoluindo e variando ritmos com o passar da execução. Conservadores dirão que ela destoa do que se esperaria do Sepultura, mas não dá para negar que é uma música muito bem construída.
Primeira a ser mostrada publicamente antes do lançamento, “The Age Of The Atheist” começa com scratches vocais e cai na porradaria após os primeiros segundos. Típico som que tem muito a crescer quando executada ao vivo. A saudada participação de Dave Lombardo surge em “Obsessed”, uma das mais agressivas e vigorosas feitas pela banda em muitos anos. Encerrando o tracklist normal, o cover para “Da Lama Ao Caos”, de Chico Science e Nação Zumbi. Não é segredo para ninguém a admiração do Sepultura pelos pernambucanos desde os anos 1990. A versão, com Andreas assumindo o microfone, faz jus a um dos grupos mais criativos surgidos no Brasil nas últimas décadas.
Após minutos de silêncio, uma batucada de Eloy e Lombardo surpreende o ouvinte menos atento. Se ainda paira alguma dúvida sobre a competência do (já não tão) novo Sepultura, ela é exterminada com este play. A banda está firme e forte, pronta para muito mais em sua carreira. Os radicais e suas ideias fixas seguirão com cegueira proposital. Azar o deles, que deixarão de conferir um dos melhores álbuns de Heavy Metal do ano.
Nota 9
Derrick Green (vocais)
Andreas Kisser (guitarra, vocais em 10)
Paulo Xisto Jr. (baixo)
Eloy Casagrande (bateria)
01. Trauma of War
02. The Vatican
03. Impending Doom
04. Manipulation Of Tragedy
05. Tsunami
06. The Bliss Of Ignorants
07. Grief
08. The Age Of The Atheist
09. Obsessed
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